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O Policial

O relógio despertou às seis e quinze daquela manhã de terça feira, naquele quarto escuro Jurandir ainda anestesiado pelo sono, mecanicamente estica o braço e aperta sua trava, calando-o. Aproveitando o embalo, porque se fraquejar dorme outra vez, senta atravessado na cama com as pernas para baixo. Ainda com os olhos fechados leva suas mãos às pernas, e estas estão doendo tanto que parecem que não descansaram à noite. Abre os olhos e olha para trás, sua mulher ainda dorme sono pesado. Carinhosamente tomba seu corpo por cima do dela, afaga seus cabelos levemente e depois, como se seu coração não quisesse fazer aquilo, balança com delicadeza seu ombro ao mesmo tempo que sussurra:
--- Vamos Oneide está na hora de você arrumar a Sandrinha... se não vamos chegar atrasados.
--- He-heim!?!... já está na hora? Responde sua esposa igualmente tonta de sono.
Enquanto Jurandir se arruma naquele quarto, Oneide vai ao outro e desperta a menina que começa a se aprontar para ir pra escola.
Vinte minutos depois os dois se despedem da esposa e mãe, e saem à porta. Já na calçada da rua ele se volta e diz.
--- Não me espere para o almoço, não... eu como um salgadinho num bar lá na rua... com este sol que está fazendo, eu prefiro ficar por lá mesmo. De tarde eu janto com vocês.
--- Tudo bem... mas se por acaso você animar venha porque hoje vou fazer aquela costelinha que você trouxe ontem, com couve e angu... e eu sei que você gosta.
Jurandir é um policial igual a tantos outros que existem por aí, e aproveita sua ida para o trabalho pela manhã, para acompanhar sua filha de oito anos até à Escola do bairro, que fica no seu caminho.
À pé, pois o que ganha ainda não deu pra comprar um carrinho nem mesmo velho para aliviar suas caminhadas, seguem os dois de mãos dadas conversando.
Depois de deixar então a pequena na escola, Jurandir chega finalmente no seu local de trabalho, que fica no cruzamento das ruas Major Hermógenes com Jorge Tibiriçá. O sol já começava a provocar a sua transpiração diária, que uma vez começada ia até à tarde sem parar.
--- Bom dia cabo. Disse ele ao encontrar seu companheiro de luta.
--- Bom dia Jurandir, respondeu o cabo Doraci.
--- Mais um dia sob este sol causticante de verão... disse o soldado
--- È... mas melhor este sol do que a chuva ou frio... aliás, sei lá... se saímos do espeto caímos na brasa... acho que o melhor mesmo é não pensar. Respondeu o cabo.
Aos poucos o movimento da rua vai aumentando. A população cruzeirense começa a se formigar pelas avenidas e ruas da cidade. Para todos que passam naquele local, a presença marcante daqueles praças traduz sinais de segurança nos rostos dos transeuntes. Velhos, mulheres e crianças se sentem mais à vontade. Os comerciantes, muitos deles ressabiados, antes de abrirem as portas de suas lojas, procuram pelos guardiões das esquinas, e sentem igualmente mais seguros com suas presenças nas proximidades.
Jurandir ao prestar atenção nas pessoas que por ali transitavam, levanta suspeita em um cidadão que passava perto dele. Batendo-lhe de leve, com uma das mãos em seu ombro, diz:
--- Por gentileza cavalheiro... quer me mostrar seus documentos.
O cidadão pára então, e mostrando uma cara de quem não gostou de ser interpelado, diz .
--- Pois não.
E metendo as mãos no bolso como se fosse pegá-los, retira uma arma e dispara no peito de Jurandir. Este então cai na calçada, enquanto semi paralisado com a violência da cena inesperada, o cabo não consegue definir se pela saída no encalço do bandido, ou na ajuda ao colega atingido. Por fim quebra o gelo, e abaixa para ajudar seu companheiro, que infelizmente não mais precisa de ajuda.
Jurandir morreu, agora suas pernas cansadas de andar o dia inteiro pelas ruas e avenidas, vão poder descansar definitivamente. O nosso herói com seu comportamento íntegro, pois vivia para a segurança da cidade e a da sua família, agora não mais ficaria diariamente exposto às intempéries do tempo que tanto o esgotava. Deus na sua infinita misericórdia na certa vai recebê-lo com honras, e fazendo-o passar a tropa dos anjos, em revista. Ele não podia agora estar em melhor “companhia”.
Quem ficava mal agora eram: seu colega de farda que lutaria para esquecer o trauma acontecido; sua filha, que agora crescerá sem ter mais sua companhia nas suas futuras manhãs e ao longo de toda sua vida; sua esposa, que já fazia milagre para “esticar” seu mísero soldo todo mês, agora teria que esticar muito mais, porque passaria a receber menos ainda.
Desolado, o cabo sentado no meio fio da calçada, olhava fixo para o cadáver que ali jazia. E este olhar traduzia muita dor. Este olhar vazio e lacrimejante, interrogava a razão de uma forma até mesmo um pouco lacônica. “O que adiantou sua grande folha de serviço prestados à esta comunidade?. O que adiantou as vezes sem conta que estivera frente a frente com a morte, e ludibriando-a, conseguiu levar o criminoso para as grades?... agora depois de um enterro com honras militares, depois de uma salva de tiros para o alto, quem vai olhar pela sua filha e sua esposa que ele amou tanto nesta vida? O governo? A comunidade? Não, infelizmente ninguém. E a comunidade muito menos. Isto porque Jurandir pertencia á polícia. E a Polícia é como os urubus, ninguém gosta deles mas sabe que são de muita utilidade. Isto porque Jurandir pertencia a uma classe de homens que infelizmente convive em seu meio com alguns desonestos. E esta comunidade a quem Jurandir doou sua vida, se extrapola em estigmatizar a classe toda. Esquecendo que em todo ramo da sociedade, também existem os maus e os bons. Que assim como existe maus policiais, existe também maus médicos, maus engenheiros, maus advogados. Mas classe nenhuma fica tão marcada, como esta de servidores públicos. E no entanto homens como Jurandir é o que mais tem na corporação....”
E logo chegam seus demais colegas de farda e na cabeça de cada um ficava uma pergunta que ninguém queria ou ousava responder: “ hoje foi a vez do Jurandir, e a manhã será a vez de quem”
Sua esposa foi chamada, e ao sair de casa ás pressas, deixou no fogão a “costelinha” que preparava com tanto carinho, mas que Jurandir nunca mais irá provar...
Esta é a vida de um policial. Muitas vezes mal compreendido e por isso mesmo enxovalhado. Mas eu acredito que assim como eu, também existe uma grande maioria de cidadãos, que também acredita piamente na excelência da corporação policial.
Datos del Cuento
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